quinta-feira, 19 de julho de 2007


De volta à escrita.
Pausa feita.
Em breve mais coisas para os olhos absorverem.
Continuação da procura. A busca continua.
Procura do quê, dizem?
A minha expressão, expressividade, mensagem, [and what not]
[...] T. J. A. P. thanks'a'lot!

Mensagem ao [...]

São-me conhecidas duas artes. A arte de viver e a arte de morrer. Entre as duas há outras artes, que registam como fazemos e trabalhamos com o que nos é dado e tirado. Quer aceitamo-las como parte de nós, quer como reflexo de outros, crescemos de seres pequenos, vivemos, e voltamos a ser seres pequenos, insignificantes para outros, mas grandes para nós próprios, e isso é que nos define e é o que interessa.
Venho da terra, e voltarei para a terra. E por enquanto estou contente. Preso no meio.
Tomás J. A. Pinto

Medo.

A vida passa-me à frente dos olhos sobre as formas de alquímia, a velha arte do desconhecido e das perguntas que permaneçem não-respondidas. Sentado à janela, os olhos correm-me pelas folhas, aquelas a que são oferecidas duas cores. Uma, verde gasto, para a parte de baixo, e outra, verde intenso, para a de cima. O vento mexe e remexe-as, e assim nunca duas folhas de diferentes ramos estão juntas por muito tempo, e nunca elas irão saber se estarão mais alguma vez.
Enquanto sento à janela, imaginando as amizades de folhas e a união de moléculas de CO2 e O2 provenientes do encontro entre tubos de escape e o ar na estrada, os carros que passam acordam o meu cérebro com ruídos raspantes, que o meu cerebro assimila em agonia e irritação. O borbulhar da água a ferver, que coze a massa que serve-me de jantar, avisa-me um regresso ao estado normal, definido por outros de outras patentes, capazes de conceber e comandar o desígnio do destino, a que inevitávelmente iremos parar.
Estou sozinho, e as distrações são os meus consolos. Não posso permitir-me sossego, senão as memórias e os ecos voltam e deixam-me sozinho, profundamente sentado à janela, mas as distrações são distantes e os ecos são maiores. Não posso permitir sossego, e o meu corpo pede inconstância.
O meu maior medo é o silêncio.
Dão-nos duas cores. Temos a superfície, e possuímos outro aspecto, outra face, submersa. Outra cor. Há quem diga que se pensarmos muito numa coisa, encontramo-la. Possuis a consciência e o poder de encontrar as tuas cores? Vejo seres que só têm uma, seja ela a submersa, seja ela a aparente. Mas as duas? São os loucos? Ou serão eles demasiado inteligentes que deixam-se ficar, contentes com o conhecimento que só eles possuiem porque mais nenhum de nós algum dia poderá sequer conceber a noção de algo? O que interessa é a coragem necessária para ultrapassar, misturar as cores. Mas isso não me interessa, porque o que procuro é manter o medo. Medo de encontrar-me verdadeiramente. Medo de magoar alguém, ninguém, todos. Medo de não conseguir separar as vontades e os desejos. O silêncio ajuda e obstrui. É a ferramenta de procura, afastando as distrações. Mas também é o obstáculo, o sossego, a calma do mar que permite regressar a terra.
Silêncio. O que é? A ausência de som? A ausência de seres? A ausência de fricção e percepção, de recepção? A ausência de consciência?
A ausência de vida?

Tomás J. A. Pinto