quarta-feira, 23 de maio de 2007

Potencialidades imaginárias e definitivas.

Vasculho e percorro o meu corpo. A superfície de carne, pele e cabelos que protege o meu interior sagrado. O toque dos dedos percorre o braço ao encontro das extremidades nervosas do sentimento. Ásperas pinceladas de unhas na carne esplonteam vontades rigorosas de deformação, de poder. O meu corpo é meu, poderei fazer o que quero com ele? Somos definidos com a forma da nossa espécie, e nada mais. Concedem-nos forma inalterável e definitiva, o ser perfeito. A massa cinzenta do cérebro desdobra-se no potencial dominador de poder. O poder humano. O poder sobre os outros. Mas sobre os nossos corpos? Alvos de atentados vivênciais deformam e destroíem, externos à vontade individual. Quero crescer um braço no meu braço, estabelecer funcionalidade. Mas não posso. Eu sou como sou, e se não fosse seria atacado pelos outros individuos. Ser diferente hoje é ser igual amanhã. Quero formar a minha pessoa, e por dentro podemos ser o que quisermos, ninguém nos impede. Ninguém manda no pensamento, o progresso interno sacramente protegido. Quero ser perfeito. Por fora, aceito o que sou. Não altero o percurso do que me define. Sou humano, na vasta potencialidade que promete o afastamento do que é ser humano. Avançamos na distância. Ser humano é não ser humano. Poderá ser que um dia sejamos o nosso potencial máximo, o nosso ideal. O meu ideal.

Tomás J. A. Pinto

Um comentário:

João Guerreiro disse...

"Ser diferente hoje é ser igual amanhã."

Gostei!

Keep it cool!!