terça-feira, 17 de abril de 2007

Curiosidade matou o gajo

Corto um tendão para ver o que acontece. Caio ao chão para ver o que acontece. Violo os direitos humanos mais básicos dos mais fracos para ver o que acontece. Faço de tudo e não faço nada, para ver o que acontece. Às vezes penso que sou intocável. Talvez seja porque faço tudo longe dos olhos que mantêm as estruturas morais intactas. Devia ir reinvidicar os meus direitos à porta da esquadra, cuspindo para cima dos polícias. Posso fazer o que quiser. Ato um nó à volta do ante-braço, e observo a gangrena que se instalada de dia para dia. Encho os pulmões do cheiro que isto faz. Esfolo a pele na minha mão, para ver o que acontece. Rio e rio e rio e rio sem parar. Estalam-me as costelas e moldo bruscamente os rins. Deixo de comer para ver o que acontece. O meu corpo está fraco. Enfraqueço para ver o que acontece. Procuro, para saber o que quero saber. Aconteçe que morro. Não sei nada.

Tomás J. A. Pinto

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